segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cavalo atropelado em Palhoça: descaso e jogo de empurra

Após umas férias meio que forçadas, o Babadinho está de volta - e por uma boa causa. Recebi ontem este e-mail-denúncia-desabafo da amiga Cristina, da ong Fucinhos da Pedra Branca. Transcrevo o conteúdo do e-mail abaixo, na íntegra, pois não conseguiria narrar o problema melhor que ela, que esteve lá, conversou com os envolvidos e registrou o fato com sua máquina fotográfica.

"Ontem à tarde, recebi o telefonema de uma amiga que também é protetora Ade, me pedindo ajuda para salvar a vida de um cavalo atropelado. Esse cavalo tinha sido atropelado no dia 20 de novembro (sexta-feira) de manhã por um motoqueiro. Socorreram o motoqueiro, mas o pobre cavalo apenas colocaram em um terreno baldio e nada mais fizeram. Liguei para vários lugares, Polícia, Polícia Ambiental e nada de resolver. Um policial me informou que um veterinário havia ido ao local e diagnosticado o bichinho com uma pata traseira quebrada e que iriam sacrificá-lo, mas não sabiam quando e nem de que forma. Indaguei se realmente era necessário sacrificá-lo, se não havia outra forma e me disseram (Polícia Ambiental) que não, pois o veterinário tinha atestado que ele não teria mais condições de sobreviver. Informei que o animal estava sofrendo, que estava na chuva, sem se levantar, e este me disse (educadamente) que quem deveria resolver era a polícia Militar, que ele estava apenas me passando o que sabia. Que iriam sacrificá-lo e que a prefeitura teria que enterrá-lo e como era sábado, nada seria feito.

Inconformada, resolvi ligar para o Diário Catarinense, pedindo ajuda a eles. Alguma coisa teria que ser feita.

Conversei com Elisa (DC), que me logo se prontificou a ajudar. Enquanto eu iria ao local tirar fotos do cavalo, ela iria ligar para a Polícia para saber mais informações sobre o caso.

Na chuva fomos tirar as fotos para provar que realmente o bichinho estava lá, sofrendo.

Quando chegamos, encontramos um casal de carroceiros que disseram que o animal era deles, e que iriam levá-lo pra casa, que iriam cuidar dele até que melhorasse. Vi o desespero da mulher não apenas por ter pagado por ele, mas pelo sofrimento que ele estava sentido. Conversei com um dos moradores e este me disse não ter visto veterinário algum lá e que desde o atropelamento não come e não dorme por vê-lo naquele estado. Disse-me que ligou para vários lugares também e que nada tinha sido feito.

Quando cheguei em casa, mandei as fotos por e-mail para o jornal e liguei para avisar que tinha já tinha enviado e para minha surpresa (e raiva) Elisa me informou que um policial havia lhe informado que o animal tinha sido sacrificado e já enterrado ontem às 11 horas da manhã, e eu tinha acabado de estar com o bichinho, VIVO E SOFRENDO E NO MESMO LUGAR naquele momento, às 18h.

Voltamos lá e o bichinho continuava no mesmo local, do mesmo jeito e sofrendo da mesma fora. Voltei e liguei novamente para a Elisa que me informou a mesma coisa, que tinha conversado com o policial e ele tinha novamente dito a mesma coisa, que já tinham sacrificado e o enterrado.

Bom, cheguei à conclusão de que eu e todos que moram naquela rua, os ciganos que estão acampados lá, os carroceiros, todos nós estamos doidos e que a foto que tirei simplesmente por milagre ou por obra de um extraterrestre apareceu em minha máquina. Que a polícia e a prefeitura de Palhoça fizeram o seu papel e acabaram com o sofrimento daquele animal.

Precisamos urgentemente exigir novas leis, precisamos urgentemente colocar nos nossos corações o amor ao próximo (principalmente se esse próximo for um animal), a sentir o sofrimento de um animal que não tem como pedir socorro, que não tem como exigir nada apenas esperar pela nossa consciência, nós humanos (seres que se acham superiores). Precisamos parar de pensar no nosso bem estar, nas nossas festas, no que poderemos ter e no que não precisaremos fazer e gastar com um animal de rua, que sofre, que é abandonado a própria sorte. Precisamos lutar para que consigamos viver em um mundo onde se possa ter quem sabe um dia a esperança de não sermos trocados por um par de tênis, ou por não sermos trocados (em nossa velhice) por algo mais “novo” e sem problemas.

Pense nisso, e volto a dizer: QUANDO FICARES VELHO, DOENTE, SOZINHO SERÁ UM ANIMAL QUE TE FARÁ COMPANHIA."